domingo, 9 de novembro de 2008

Quando um ator morre!

Algumas vezes na vida, me arrependo de ter sido ator e de amar tanto o teatro. Isso acontece quando assisto um ator desvirtuar o labor teatral, demonstrando que não basta ter um rosto bonitinho ou ser global para merecer meu respeito e ser considerado um bom ator. Não sou dos mais exigentes como público. Pago um ingresso para me emocionar ou me divertir. Costumo dar grandes descontos tendo em vista as dificuldades que nós artistas passamos. Mas terminada a semana, posso comparar ao que vi ontem a noite, a peça “O imperador e Galileu”, montagem cheia de patrocinadores e apoiadores e com o ator global Caco Ciocler, com duas montagens da mostra de dramaturgia nordestina, “Como nasce um cabra da peste” e “Os lesados”,que ocorre esse mês. O nordeste deu um show e me emocionou muito, seja pelo talento, seja pela garra. A peça “Galileu e o imperador” é um caco. Tem todas as qualidades técnicas, como um figurino criativo e bem executado, luzes, cenários mas peca pela falta de atores bons. Mas era Ibsen, e tentei dar uma chance a montagem. Tentei me envolver, e não dormi, pasmem. Mas no momento clímax, o imperador agoniza, o ator “Aos Cacos Ciocler”, diz a barbaridade: “Gente, não posso morrer de braguilha aberta’”. Quis sacar um fuzil e metralhar ele. Me senti roubado, pois até ali tinha dado todos as chances para que a peça me conquistasse, e nem ía ser tão rigoroso com minha opnião. Mas foi o fim literalmente. E uma amiga diz: “Ah, ator da globo pode”. Pode? Bem, nem tinha meia platéia ontem. Depois ator reclama da falta de público. Pior do que a ausência de público é a falta de preparo do ator. Será que tudo aconteceu por que ele alizou o cabelo? Morra Caco Ciocler.