segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O bem sempre vence

Estava no ônibus que me levava ao SENAC. Um rapaz ouvia um mp4 alto e tocava minha música favorita do U2. Olhei o céu. Plúmbeo. Uma angústia me acompanha há alguns dias. A solidão nos campos de algodão. Ontem fui ver Almodóvar com o Marcelo. Nos filmes do espanhol há sempre uma mulher louca ou um louco, ou os dois, um viado ou travesti, alguém doente, homens bonitos,uma morte, cores fortes, e ultimamente, Penélope Cruz. O filme vale o ingresso. Não passou a ser meu preferido pois nada supera Tudo sobre minha mãe ou Volver. Mas, depois do filme, fiquei conversando sobre os caminhos da vida. Ontem, em casa, refleti sobre a solidão. Não quero sexo, somente sexo. Quero um abraço amigo. Dormir e acordar abraçando. Sentir o cheiro do outro. Corpos entrelaçados. Fim de ano ficamos cheio de reflexões. E fico pensando naquela menina que vendia cuecas na 25 de março e que apertou meu coração. Aquele momento que vivi, poucos segundos, observando aquela menina negra, sentada no chão, esperando que alguém comprasse as cuecas. O olhar perdido diante da necessidade. A imagem está colada no meu pensamento. Todos queremos um pouco de alegria no Natal. Precisamos sorrir mais.Ainda acredito no amor e no bem. É fazendo o bem que recebemos o bem. O bem sempre vence.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Dias felizes no sertão de Cambury


Tem convites inusitados e que são como bênçãos. Esse fim de semana fui convidado a ir à Cambury por um amigo. Ao sertão de Cambury. Descemos ao litoral na quinta à noite. Fomos conversando sobre histórias de vida e morte. Foi até animado o papo. Chegamos já no início da madrugada. Uma casa especial. Uma energia maravilhosa. Na hora de deitarmos, a cama quebra. Virou cama japonesa. Ainda ouvi algum barulho na madrugada: eram as panteras chegando. Foram dias de puro deleite. Acordar de manhã, café com todos na mesma mesa, praia e almoços que viraram jantares: tudo que sentia falta. Estar entre amigos, novos amigos, foi muito bom. Tudo era dividido por todos (Ah se tudo no Brasil fosse assim). Tomei muito banho de mar, tomei muita fanta uva,chupei picolé, fiz guacamole e cuscuz. Foram dias de deleite genuíno. Ficava deitado nas várias redes. Nordestino adora redes. Vi pirilampos e ouvi histórias de ectoplasmas. Fui a uma cachoeira fantástica.Só não escapei da sanha dos borrachudos. No primeiro dia, cantei glórias que eles não gostavam do meu sangue. Mas do segundo dia em diante, eles me atacaram. Jogando frescobol, meu nervo ciático deu sinal da sua presença. Mas nada modificou meu pensamento de dias felizes no sertão de Cambury.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A natureza animal dos homens


Certas horas, paro e fico a pensar sobre a natureza animal dos homens. O instinto devorador de alguns homens é incrível. Muitos, não satisfeitos em devorar suas vítimas, em puro canibalismo, devoram-se também, numa automutilação terrível. Vivemos entre feras humanas. Loucas. Aprender a evitar certas selvas é parte do princípio da sobrevivência. Há tanta gente do bem, que inexperientes, são vítimas nas selvas de pedras. Dias desses, uma aluna mudou de emprego e foi estagiar numa confecção, uma floresta de animais. Não estava preparada para a animalidade daqueles. Saiu. Tem dias que me pergunto por que estou aqui. Tive dias difíceis. Dias felinos. O que nos reserva o futuro? Ando sonhando com um futuro menos animal. Esse fim de semana foi interessante. Me vesti de urso e observei horrores. E no fim ganhei um dia na loteria. Foi um domingo gostoso. Obrigado meu deus.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Aos mestres, com carinho.


Hoje é dia dos professores. Como representante da classe, sinto-me imensamente feliz de trocar os conhecimentos que adquiri com meus alunos, os filhos que não tive. Mas nesses últimos anos, tive excelente professores que também me ensinaram muito, muitos que não lembrarei o nome, mas lembro de alguns. Gladys Meier era o nome dela. Ensinou-me na terceira série do primário a sempre fazer o que gosto. Teve o Nilson e a Cristina, ambos de Português, que me deram o gosto pela escrita. Teve a Nazaré Fontenelle, misto de amiga, irmã e mãe nos últimos anos, a professora que mais influenciou minha vida, artística e não-artística. E a Nazaré vou dedicar esse momento, pois sou grato a muitas horas que vivemos juntos, principalmente nos teatros da vida. Lembro da Brasília velha que ela tinha. Fui até marido dela em alguns esquetes. Das viagens pelo interior, Natal, Belo Horizonte e Anápolis. Pelo meu primeiro emprego, como professor, substituindo-a. Estive nos seus 50 anos, 60 anos, 70 anos, 50 anos de casamento. Escrevi e representei uma vez sua história. Que mais posso dizer? Que você, mesmo que o tempo e a distância digam não, estarás sempre no meu coração.

sábado, 3 de outubro de 2009

Deus e eu


Sábado, 23 horas. A Greve de bancos me derrubou. Uma semana triste. Dores no peito sem motivos aparentes. Acho que são os sintomas de meses de tristeza. Repouso.Tantas decepções. Perto de todos mas solitário. De noite sempre resta a companhia de meus livros e travesseiros. E Deus. Deus e eu. As horas passam e tentando cuidar de mim. Vou procurar direcionar minha energia para algo construtivo que possa ajudar alguém. Quando isso era mais presente o retorno era sempre maior. Olho a noite, ouvi trovões. O sinal sempre vermelho da minha janela. Tenho medo que não possa ser uma boa companhia. Ando com Clarice Lispector no peito. Viver é incômodo. Amanha talvez vá ao parque e novas companhias façam bem. Domingo no parque. Sim vai ser bom. Não queria ficar em casa. Mas as forças do destino foram contrárias. Acho até engraçado. Saudades dos amigos distantes. Saudades de rir com Bob. Acho que chove. O cheiro de chuva invade minhas narinas. Lembro dos banhos de chuvas na rua quando era um menino já cheio de ilusões e conflitos. Cresci. Good night. Deus e eu.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

O ÚLTIMO OLHAR

O último olhar
A história de um intenso reencontro entre mãe e filho quando este está perto da morte é o principal foco da peça Os Olhos de Bette Davis, em cartaz na cidade as sextas-feiras de outubro
Qual o sentido da vida? Devemos acreditar na supremacia do destino comandando por Deus? Ou nos tornarmos conscientes da responsabilidade de nosso livre-arbítrio? Essas são questões que flutuam em Os Olhos de Bette Davis - em cartaz no Teatro do Sesc Emiliano Queiroz. O drama, escrito e dirigido por Ricardo Andrés Bessa, traz ao palco renomados atores cearenses, como Hiroldo Serra, Ivanilde Rodrigues e Martha Vasconcelos. Inspirada na vida de Bette Davis e com o mesmo nome da música de Donna Weiss e Jackie DeShannon, Bette Davis Eyes, a peça transforma em arte os grandes dramas pessoais e familiares da humanidade. Num singelo quarto de hospital, atmosfera em que a trama se desenvolve, os personagens tentam resolver os próprios dilemas, além de intrincadas questões familiares, que, com o passar do tempo e a acomodação dos envolvidos, ficaram sem solução. O drama gira em torno da vida e das relações de Jean Marc Davis (Hiroldo Serra), grande bailarino internacional em estado terminal provocado por uma doença que se conclui ser aids. Delicadamente, o nome da enfermidade não é citado no texto e as conclusões são tiradas em função da composição do figurino e do estilo de vida do personagem. Em estado terminal, Jean Marc prefere passar seus últimos dias próximo a quem considera sua família, como Tia Ruth (Martha Vasconcelos). Entretanto, a chegada de sua mãe, Elizabeth Davis (Ivanilde Rodrigues), que o abandonou para tornar-se cantora em Paris e jamais aceitou seu estilo devida, o obriga a reavivar todas suas mágoas com intensidade. Os diálogos entre ambos são densos - apesar das interseções de humor e ganham ainda mais destaque com as atuações de Hiroldo e Ivanilde. Ele, irônico, triste, sonhador, ora revoltado, ora resignado. Ela, severa, amarga, cruel e vaidosa. Martha Vasconcelos também merece destaque. Com suavidade, constrói uma Tia Ruth altruísta, conformada e religiosa. Compõe o clima da peça o cenário simples e a iluminação bem utilizada, mas é marcante a felicidade na escolha da trilha sonora, que utiliza trechos das músicas dos filmes O Fabuloso Destino de Amélie Poulain e Fim de Caso, além da minissérie Os Maias, da Rede Globo. Os Olhos de Bette Davis busca discutir a hipocrisia das relações modernas. É uma história que pode ser a de qualquer pessoa e fica difícil sair do teatro sem se questionar de quantas verdades e mentiras estamos cercados em nossas relações familiares.
SERVIÇO Os Olhos de Bette Davis da Companhia de Artes Cínicas. Elenco: Ivanilde Rodrigues, Hiroldo Serra, Martha Vasconcelos, Magno Freitas e Tiago Braga. Texto, direção e figurinos: Ricardo Andrés Bessa. Em cartaz todas as sextas de outubro no Teatro Sesc Emiliano Queiroz (Av. Duque de Caxias, 1701 - Centro), às 21 horas. Ingressos: R$ 10,00 e R$ 5,00 (meia). Informações: 3452.9034.

domingo, 30 de agosto de 2009

Sexo, álcool e sorvete de rosas

O pior inimigo do homem talvez seja o álcool. Inconscientemente, ele bebe. Estava com raiva desde a noite passada. Então bebi mais que devia. Acho que fico bipolar nesses momentos. Fico com raiva extrema de quem me chateou. Vodka e redbull. Estava com preguiça de ir às baladas mas saí com mau humor. Ninguém merece. Era uma festa de ursos e estava Urso Brabo. Encontrei alguns conhecidos pelo caminho. Quando não podia mais beber, parei, e bebendo água junto, voltei a uma normalidade. Encontrei alguém que me levou para casa. Hoje de manhã, alguém perguntou se tinha melhorado o humor. Eu respondi: nada melhor que sexo para iniciar o dia. Era uma vingança. Fui caminhar até a paulista. Comprei revistas. Um senhora de olhos azuis me fez pensar no tempo. Fiquei na dúvida se comprava Imitação da vida com Lana Turner. Compro, não compro. Não comprei. Olhei coisinhas na feira. Almocei no Athenas. E voltei caminhando, olhando o céu, o sol. Comprei sorvete de rosas, vindas da Síria. Foi o que disseram. Parecia que estava comendo sabonete. Bocas perfumada.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Lições do tempo


Ontem, voltando para casa, havia um senhor pelo caminho. Nanico, duas muletas, pernas deformadas, acredito que tinha metade da minha altura, mas o dobro de minha vontade de viver. Caminhava com extrema dificuldade mas não se dava por vencido.Fazendo esforço sobre humano, caminhava ereto. Eu tão grande, me senti tão pequeno.São Paulo:cada dia, uma lição. Olho para meu pequeno jardim de rosas na minha janela e admiro a beleza. Olho na mesma direção e vejo na esquina da minha rua um mendicante. Deitado no chão, espera o tempo. Esperamos o tempo e suas lições. Lições do tempo.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

JANELA DA ALMA


A vida pode ser comparada a uma montanha russa: quem estiver sem cinto de segurança, se machucará muito. Em alguns momentos da existência, arriscamos ir sem cinto, e não há aviso que mude a atitude de quem pode se machucar. Para que servem os amigos? Amigo, que é de verdade, viaja o mundo em busca de salvar outro amigo. Amigos tornam-se filhos queridos que protegemos com unhas e dentes. Mas como filhos, muitos são cegos e acham que estão fazendo as coisas certas, mesmo que o mundo diga não. Ver os outros felizes é uma alegria que gosto muito, mesmo que tudo seja uma série de felicidades e infelicidades. E as felicidades sejam uma série de infelicidades que não deram certo. Como artistas desse espetáculo diário, representamos cenas diárias. E como representamos. Entre experiências boas e más, vamos crescendo, envelhecendo. E na velhice, teremos muitas histórias para contar, piadas para rir e tristezas para chorar. Não se constrói a felicidade em cima da infelicidade dos outros. Da minha janela vejo o mundo passar. Meus olhos são a janela da alma. Andam tristes. Mas um dia abriremos a janela e não haverá mais neblina. Veremos o caminho.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

PODE SER EU

Estava no metrô. Parei no tempo. Observei os que estavam ao meu redor. Pensei que todos éramos personagens do cotidiano. Um rapaz acariciava a namorada. Beijaram-se e ele desceu junto comigo. Inveja boa. Fui caminhando para a faculdade. Um e outro passante me chamava atenção. Alguns sem teto dormiam sobre o frio das calçadas, frio do tempo, frio dos homens. Fiquei um pouco geleira. Coração congelado. Estou tentando mudar. O pior frio é exatamente esse: o frio coração humano. Não quero ser igual a grande parcela egoísta que encontro Sei o que é isso. Tento todos os dias crescer e esquecer alguns capítulos do passado. Revolta-me a estupidez humana, a ignorância humana, alguns humanos. O mundo roda. Medo do mundo. Tem dias que acordo assustado. Medo temporário. Tudo pode retroceder. O velho que passa, pode ser eu no futuro.

terça-feira, 28 de julho de 2009

SOBREVIVENTES NO VAZIO HUMANO


Esses dias, sem carro, peguei um ônibus até a Praça José de Alencar. Passava de 21 horas e fui caminhando até um ponto de táxi. Parei na esquina. Havia uma quantidade enorme de homens, parados, distantes, uns bêbados. Olhei para um senhor, sentado no banco. Não era muito velho. Usava uma barba enorme. Tinha as feições de alguém que fora muito bonito. Segurava uma meiota de cachaça. Senti o tempo parado. Os carros passavam. Um homem vinha numa cadeira de rodas. Sozinho. Fazia enorme esforço com os braços. Personagens da vida cotidiana num mundo que não paramos para observar. Aquele minuto eterno me marcou. Peguei o táxi e fui jantar com um amigo. No fim da noite, parei no Fortal. Uma festa que não me empolgou. Gostei de ver as bandas passarem. A magreza doentia de Solange, dos Aviões do Forró. A ditadura da beleza, da magreza, da burrice. Também quero emagrecer, mas por um pouco mais de saúde. Ontem ganhei meu primeiro amigo constante: um remédio para a pressão. O médico disse que meu coração vive acelerado. Meu coração bate de acordo com meus sentimentos. Sentimentos fortes pois não sou mosca morta. Mas quantas moscar mortas encontramos pelo caminho. Aprendi a não ter medo do homem. Dos homens. Mas tem dias que meu coração não resiste às fraquezas dos fracos humanos. Vazio humano. Mas acredito que meu coração é forte. Eu sou forte. Sobreviverei.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Para um amigo


Ontem foi dia do amigo. Eu sou feliz. Tenho muitos amigos. Mas não sei porque, meu pensamento estava no Renato, um amigo do sul, que todos deviam conhecer e admirar. Um campeão. Mesmo que a vida seja um mar de espinhos, ele tem conseguido alcançar as rosas. Cedo, se viu abalado e doente. Quando ouvi sua história, me senti pequeno diante de uma força. Se todos fôssemos iguais. Mas ele tem suas fragilidades e queria eu, ir à sua cidade, e dizer que você é grande, e pequeno é quem pensa ao contrário. Queria eu ser inventor de um remédio que o curasse. Queria que o homem fosse grande e inventasse coisas realmente úteis. Empregasse a ciência para curar os males humanos e não fazer dessa busca uma das mais rendosas do planeta. Queria que o Renato não desanimasse nunca, que continuasse sendo um campeão. Que acreditasse que tudo nos faz crescer. Querer é poder.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Tempo de espera-desertos humanos


Hoje, no Brasil, segundo uma pesquisa, há 6.700.001 milhões de solitários. Voltei a essa realidade recentemente. Não que eu quisesse, mas à força da vida para que alguém pudesse ser feliz. Sempre esse tema me rodeia. Não que me incomode, pois aprendi a viver comigo mesmo, mas não com os desejos, que ainda são fortes. Ninguém planeja muito o dia de amanhã, e sem querer, o amanhã chega de repente, e somos obrigados a decidir tudo na rua, num posto de gasolina, numa estrada qualquer. Vemos os sonhos serem jogados pelo vento. Mas é a vida. E fazemos muitos questionamentos a nós mesmos. O que será melhor? Viver numa ilha deserta ou viver cercado de gente em desertos humanos? A velhice muitas vezes representa a solidão. Nos últimos dias, nas minhas andanças, vi Deus em muitos lugares, busquei amigos, e senti falta dos que estão distantes. Vi-me também. Projetei-me num sonho que tive há algum tempo. Estou em tempo de espera. O que virá? Meu Deus, que venham coisas boas. Meu coração está ficando fraco. Tenho tentado fazer escolhas certas, mas meus defeitos me impedem muito de acertar. Por enquanto, vou ficando só. Na esperança, de achar uma ilha habitada. E que nessa ilha haja muita música. E um cinema. Tempo de espera.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Mãe Coragem

Hoje encontrei Mãe Coragem na rua. Não estava no meio de uma guerra, pelo menos eu não, ela sim, talvez, a guerra de se viver num país que não protege seus velhos. Talvez, envelhecida pelo tempo, aparentava mais de 70 anos. Acompanhando-a, um garoto. Gorducha, lenço na cabeça, saia até os pés e uma blusa laranja, ela puxava seu carro, tipo geladeira com rodas, por uma rua, onde eu cruzei, vindo da academia. De cara, me veio o pensamento: Mãe Coragem. Continuei caminhando e virei para trás para observar melhor. Nesse momento ela virou-se também. No nosso rápido cruzamento, olhei para seu carro e vi sacolas e garrafas de plástico. Meu coração apertou ao ver a realidade daquela senhora, e pensar na minha. Pensei na minha mãe coragem, na minha avó coragem, tias coragem, amigas coragem. Houve tanta coragem na minha vida. Da minha avó, saída de um seringal junto com minha mãe, às minhas tias e seus homens fracos, e há muitas que conheci pelas andanças. Tem a Lúcia do Coco, mulher coragem. Criou a filha vendendo coco na praia. Ainda cria. Tem ainda Tia Zuleide, cunhada da minha avó. Apanhava do marido bêbado e não soltava o terço, rezando. Virou benzedeira. Agüentou o marido até ele morrer. Vai virar santa. Agora prestes a chover. Onde andará Mãe Coragem?

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Puta vida

Lendo sobre a criadora da Daspu, entrei completamente no universo das putas, essencial para quem está escrevendo sobre o assunto. Mas lembrei-me da Cris, a puta amiga que tive em Blumenau. Gordinha, dentucinha, era protegida da polícia. Quando voltava das minhas noitadas, sempre parava e comprava alguma bebida para ela e suas colegas, que me rendia altos papos. Eram risos simples em meio a histórias daquela cidade, que finge ser moralista. A Cris e seu recorde de 15 homens numa despedida de solteiro Casou a filha e já é avó. Tinha a Mari, uma puta de classe, que ficava na saída da cidade. Arrumadíssima, tinha dois filhos com um médico de Gaspar. Mas não abandonou o batente pois nunca sabia-se do futuro. Tinha a Sharon, a avó das travestis,sempre elegante em seu casaco de pele, herança dos anos europeus. Sharon sacaneava as outras, pois era cabeleleira de dia e não cobrava de muitos clientes. Ser puta não é nada fácil. Coletando algumas histórias, fico pensando na mais antiga das profissões. Que há muitas prostituições na vida além das que a gente conhece. E cada dia mais, tenho certeza, que vivendo numa sociedade hipócrita, ninguém deve atirar a primeira pedra.

FILMES INEXISTENCIAIS


Cinema é muito importante na minha vida. Lembro do primeiro cinema, meio “Cinema Paradiso”, em Sena Madureira. Os filmes de Tarzan, bangue-bangue. Era década de 70 e eu, menino ainda, adorava aqueles filmes. Na nossa cidade não tinha televisão, nem sinal.O tempo passou e comecei a procurar “A colina do amor eterno”, o filme inesquecível da minha mãe. Duvidei muito tempo da existência dele, até achar alguém no orkut que tinha visto esse filme em Sena. Me lembro das estréias de ET e Gandi. Eu tinha 10 anos e chorava muito nas sessões. Morria de vergonha da minha sensibilidade. Hoje choro com prazer, quando o filme me provoca isso. Mas o primeiro filme decente, lançamento, foi um dos Trapalhões. Virou febre, todas as férias, ir ver os filmes da trupe no cine São Luiz. Fiquei arrasado porque tinha 12 anos em Indiana Jones e só podia entrar com 14. Muitos filmes depois, um dia estava lá eu, estudando cinema. Foram tempos maravilhosos, os amigos, os professores. Os muitos filmes. O filme da minha vida ainda é “E o vento levou”. Mas todos da Bette Davis e Almodovar são indispensáveis. Esses dias, um filme, Hanna Montana, me incomodou. É a coisa mais americana do mundo aquela Miley Cyrus. Mas eu não vi esse filme. Alguém me convidou e esqueceu de pegar os ingressos. Tentei pagar e convidei para o cinema, mesmo sendo o último filme do mundo que queria ver e veria pela companhia. Não aceitou meu convite. Não aceitaria que eu pagasse.Virou uma metáfora a Hanna Montana. Um filme inexistencial. Existe essa palavra? Vai marcar minhas férias. Inexistencialidade.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

METADE DA VIDA


O difícil não é envelhecer, é crescer. Cheguei aos 37 anos, talvez, à metade da vida, pois se chegar aos gloriosos 74 anos será muito bom. Mas No que vivi , tive grandes lições e grandes professores. Aprendi que os que nos fazem sofrer são os que mais amamos. Que não levamos mesmo nada dessa vida, a não ser o que aprendemos. Quem nem sempre seremos amados por quem amamos. Ou quem amamos pouco está presente nos momentos que mais precisamos de colo e carinho. Que muitos que julgamos amigos são apenas agregados por tempo determinado. Que quando mais precisamos de carinho e atenção é que enxergamos as verdadeiras amizades. O tempo passa. Alguns cabelos brancos já dão ar de sua graça. As rugas também, timidamente. O corpo, as vezes, padece da ação do tempo e da gravidade. Já dizia o Bobo para Lear – Que fiques sábio antes de ficar velho. A sabedoria é tão difícil. Hoje derramei muita lágrimas. Um rio de lágrimas. Estou tentando crescer. Queria voltar no tempo e ser apenas o galego louro que se pendurava no botijão de gás. O tempo não passa. Não passa! (ricardoandrebessasocialclub.blogspot.com)

terça-feira, 12 de maio de 2009

A solidão de Tobias

Há alguns dias, vivi uma situação inusitada. Estava indo eu e Elizabeth ao centro, ela no volante, quando vimos uma mulher aos gritos, tentando pegar um taxi. Elizabeth parou o carro e a senhora, aos prantos, pedia ajuda com Tobias ao colo, aparentemente desmaiado. Ele tinha sido atacado por três cachorros maiores.Tobias era um cão. Rapidamente, dirigimos-nos a um Petshop, e a senhora pedia para Tobias não morrer, que Tobias era o único amor que ela tinha, que Tobias não abandonasse-Tobias, reaja, reaja-não faça isso comigo! Aquilo nos emocionou muito. O amor pelo animal. O desespero dela era muito doloroso. Foram poucos minutos. Tobias já estava de olho parado, sem reação. Chegamos no Pet e a senhora correu com Tobias e seguimos nosso caminho, com o pensamento angustiado. O que teria acontecido com Tobias? Na volta, voltamos e procuramos saber o destino de Tobias. Tobias morreu de ataque cardíaco. Procuramos saber o paradeiro da senhora e nos informaram que ela, em choque, não queria mais cachorros. Tudo isso me fez pensar sobre a solidão. A grande solidão de São Paulo. Há muitos solitários nessa cidade. Acho que encontro todos os dias muitos deles na avenida Paulista. Sinto-me feliz de estar com minhas amigas. Não temos muito, mas aqui não há solidão. Há uma divisão muito grande de alegrias e tristezas, de pães e queijos, café e coca-cola. Envelheço na cidade que, às vezes, não dorme. A solidão é algo terrível.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

CINZAS DO PARAÍSO


Quando uma relação termina, não significa que o amor terminou. Já dizia alguém que passou rápido na minha vida, mas não de maneira insignificante, que amor só traz dor e sofrimento . Sim, dói, machuca, pois amor é amor, mas também traz alegrias, momentos maravilhosos, pequenas pérolas que nos lembraremos pelo resto da vida. Mas quando uma relação termina, vivemos semanas angustiosas, dolorosas, em que derramamos um rio de lágrimas. Depois vem a fase das mágoas, dos ressentimentos. Vivemos uma vida atribulada, mas nos momentos dolorosos, só conseguimos lembrar dos fatos ruins. Ninguém recorda daquele carinho, tão simples, de preparar um chá, de conversar todos os dias, de abraçar, beijar, de contar pequenas coisas do dia-a-dia, que constrói uma relação. Dos cartões guardados no fundo das gavetas. Quando uma relação acaba, parece que teremos que riscar toda uma história para construirmos outra. Quando um namoro finda não significa que o amor terminou. Há várias formas de amor. Amei de diversas formas. Fui incompreendido de diversas maneiras. Fico triste quando somos jogados da vida como mazelas. No fim, só restam cinzas? Cinzas do paraíso.O vento passa e parece que tudo voou para o infinito. Talvez o melhor seja a solidão, que para alguns traz alegria e felicidade. Mas a solidão companheira, a boa amiga. No fim, sobrarão lembranças, muitas lembranças. Carregarei todas as boas. E quanto ao amor, podemos amar uma pessoa mesmo não estando com ela.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Sonhos


Eu sonhei um sonho. Assim Susan Boyle sonhou e encantou o mundo. Vivemos sonhos e sonhamos neles. Sonhos vem, sonhos vão. Vendo Susan Boyle acreditamos na possibilidade de realizar os sonhos, e como acredito mais: tudo tem seu tempo. Nos últimos dias, a vida me obrigou a pensar e refletir no imenso oceano de um mar profundo, nos sonhos, na dura realidade que nos espera. Fui surpreendido pela generosidade do ser humano. Sofri com o sentimento de não ter para onde ir. Sofri com o sofrimento de alguem que sofreu por mim. Ah vida! Vida louca, vida breve, vida imensa. O frio está chegando. Pior que o frio, é o frio do coração do homem!

terça-feira, 31 de março de 2009

Cenas de um casamento - O vestido


Sempre dizia que o último vestido de noiva que faria na vida seria o da minha irmã. Levei quatro meses elaborando e costurando o modelo. Queria um modelo clássico, sem modismos, que valorizasse a beleza dela, que tem um porte alto e elegante. Sabia que iria trabalhar com renda francesa. Sabia que mamãe iria dar palpites. Para evitar conflitos, encomendei um manequim com as medidas e trabalhei na técnica da moulage, que gosto muito e da qual sou professor. Em janeiro, levei-o para provar em Fortaleza e trouxe-o de volta para São Paulo, onde terminei-o alguns dias antes da cerimônia. O véu, com quatro metros, costurei-o na madrugada da viagem. O vestido ficou perfeito. Acrescentei-o uma cauda de tulle francês de 3 metros. Tinha que ter cauda para ter majestade. E ainda luvas grandes, até os cutuvelos. Foi muito emocionante para mim esse vestido. Minha mãe, no princípio, não pôs muito crédito que eu o faria e terminasse no prazo. Até ligou para minha casa para investigar se ele estava pronto. Enfim, no dia do casamento, fui levá-lo para vestir a noiva. Quando ela vestiu, tive um dos piores choques que um estilista poderia ter: na beira do vestido havia uma mancha de graxa de carro. Provavelmente tinha sujado-o quando retirei-o do carro. Meu coração doeu e meu stress foi às alturas. Uma vontade de chorar me abateu. Mas fui iluminado e corri em casa, peguei o resto da renda que havia trazido para doar à minha mãe e bordei-a por cima da mancha, escondendo-a. De todos os estresses, esse foi um dos maiores da minha vida. Só sei que, quando minha irmã chegou para a cerimônia, esqueceu o bouquet em casa. E toda noiva atrasa. E esse foi o vestido da minha vida. Já posso morrer em paz.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Brasis e Traipu

Ontem, assistindo televisão, vi uma matéria sobre algumas cidades brasileiras com baixo desenvolvimento humano. Emocionou-me a história da mãe de Traipu, cheia de filhos, que no almoço faz feijão aguado e comem com farinha. No jantar, arroz com feijão. Em dias de luxo, fazem uma água com caldo de galinha e misturam com arroz. É mais uma família nos milhões de miseráveis desse Brasil. Brasis. Não é revoltante ser rico, mas é revoltante como as riquezas são empregadas. É humilhante ver o que os políticos não fazem por nosso país, por nossos miseráveis, ou o que nós mesmos não fazemos. E aquela mãe de Traipu diz que o sonho da filha é ter uma boneca que chora. Sonho que não tardará a ser realizado, pois é simples, mas mudar a mentalidade dos governantes é algo que ainda não podemos prever. Complexo demais. Constroem-se castelos para nada. Castelos de areia. Não somos mais escravos que construimos pirâmides, mas somos escravos que construimos um país através de impostos e alimentamos os faraós de Brasília. O bolsa-família salva alguns brasileiros, mas por outro lado, atrela o voto às oligarquias e vira moeda nas prefeituras. Poderia listar os muitos males de nossos brasis, mas só me entristeceria mais. Um dia tudo mudará. A história mostra. Nenhuma múmia ressuscitou. A miséria humana um dia acabará? Tudo é passageiro. Menos o motorista e o cobrador.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Nu de mim mesmo


Quarta-feira de cinzas. Chove. A lembrança de um mendigo que parecia bêbado e também doente me veio à cabeça. Era sábado de carnaval. Foi tudo muito rápido, a caminho do teatro. Estava dentro do carro e em segundos que o veículo parou no sinal, assisti tudo. Ele tinha um tumor enorme no rosto. Depois fiquei me sentindo mal pois poderia ter descido do carro e ajudado aquele ser. Nada fiz.Uma mulher o xingava e ameaçava chamar a polícia para que ele saísse daquela esquina. Como se a esquina fosse dela. Talvez a figura com o rosto deformado a estivesse incomodando demais. Um retrato seu por dentro? Quantos, tão belos por fora, tão feios por dentro, vestem-se de máscaras sociais. Segui o caminho das horas e fui ao teatro. Exercício de paciência. Por que cada vez mais os grupos teatrais esquecem de que o público tem que se ser tocado numa encenação? Quase quatro horas de pura masturbação cênica. Sabia que a peça era longa e achei que seria uma grande encenação. Mas nada acontecia. Não só me incomodei como meu corpo reagiu: cãibra, dor de ouvido e dor nas costas. Juro que tentei entender e fiquei nu de conceitos pré-estabelecidos sobre a montagem. No fim, nem vieram receber os aplausos. O carnaval foi tranqüilo. Fiz bobó de camarão para uns amigos. Sempre fui de apreciar de longe as folias. Sou meio parado mesmo. Lembranças de Maiakovski. Fiquei nu de mim mesmo.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Quem quer ser milionário?


Acaba de passar da meia-noite e talvez eu não seja mais um dos milionários da megasena. Mas eu joguei. Acabei de assistir “Quem quer ser milionário?”, um dos filmes candidatos ao Oscar. A história se passa na Índia. Me senti um milionário. Revi a trajetória de meus pais e de muitos outros no filme. Minha mãe, vinda do interior do amazonas, mais velha de 10 irmãos. Vendia banana frita na praça e cafezinho para ajudar minha avó. Meu pai, vindo do interior do Ceará, orfão logo cedo, foi mais um nordestino que enfrentou as enchadas e estradas. Ambos de famílias paupérrimas, sem muitas perspectivas. Não foram favelados, como no filme, mas não gozaram do luxo nem do desperdício, como eu e meu irmão gozamos. Mas recebemos valores que nos tornaram milionários. Há muito o que refletir quando vemos o mundo ao nosso redor. Um avião caíu no Rio Manacapuru ontem. Tentei saber notícias do meu irmão, que vive voando pela bacia amazônica. Está bem. Aproveitei e pedi que me desse de presente um molho de pimenta dos bons. Podia ser um carro mas um bom molho já basta. Ao cair da tarde, choveu muito e sempre adoro ficar deitado, ouvindo a chuva. Minha mãe dizia que, enquanto eu me deleitava com a chuva, pobres miseráveis em barracos não dormiam com seus tetos flagelados. Sou um milionário. Recebi não só uma educação primorosa, mas bens que me acompanharão até a morte. Quando lembro de alguns favelados milionários de nossa sociedade, principalmente aqueles do congresso nacional, tenho que acreditar em outras vidas. Tenho que acreditar que eles renascerão em nossas favelas maravilhosas, mas se não forem maravilhosas o suficiente, pois político é exigente, ainda há as favelas indianas de Munbai. Quem quer ser milionário?

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Por um pouco de felicidade no meio do nada


Há muitos anos não ía em Jericoacoara. Muitas mudanças na cidade e em mim. De adolescente para homem. A estrada agora era sinalizada e fiz o caminho entre as dunas à luz do dia e não com a lua me acompanhando, como das outras vezes. A pousada não era lá essas coisas e o café da manhã idem. Mas no primeiro dia, ou melhor, na primeira tarde, já que chegara depois das 14 horas, fomos até a pedra furada. O tempo ameaçava fechar, mas o lugar era lindo. O guia começou dizendo que ficava 1km distante, depois dois, e no fim eram mais de três. Mas criamos coragem e fomos. Um lugar muito lindo e era como se fosse a primeira vez. Chegamos na pedra furada. Todos correram para tirar fotos. Dei um tempo e contemplei o lugar. Depois fotos. Da última vez, podia subir na pedra. Agora, não mais. A volta, uma chuva torrencial ameaçava-nos. Fui caminhando junto ao mar, observando o entardecer. Momentos de muita paz. A chuva nos pegou e fiquei ensopado. Teria suas conseqüências. A noite, filé de peixe com limão. O restaurante quase me estressa. No dia seguinte, passeio à lagoa azul. Minha máquina cai na areia e deixa de funcionar. Um pouco de stress. Comprei uma descartável e conheci a pequena Needa, uma lituana sorridente de poucos meses. A tarde, passeio a Tatajuba. E chuva, chuva. Frio. Na volta, minha garganta anunciava que teria uma noite doente. Choveu a noite toda e nada de por-do-sol na duna. Pela manhã, subi a duna e contemplei o paraíso. Quando for um escritor famoso, abandonarei tudo e ficarei três meses por ano escondido em Jeri. Lá em cima, vi que podemos ser felizes com um pouco de felicidade. Relembrei o garoto no meio da chuva dando tchau, rindo, no meio do nada. Lembrei de bicicletas sobre as dunas. Lembrei do pescador tirando água da jangada para navegar. A felicidade era aquilo. Está com quem gostamos e vendo que Deus existe. No meio do nada.

domingo, 4 de janeiro de 2009

O vestido ou menos é mais


Não sou de reparar no que as pessoas vestem. Juro. Há controvérsias. Por força da profissão de designer de moda, até que dou minhas olhadas. Acredito que cada um deva se vestir como goste ou queira. Enfim, acho necessário existirem os “bregas” para que sejamos mais felizes. Em todas as partes, há pessoas que vestem-se mal. Porque é francês não significa que seja a coisa mais elegante do mundo. Mas a França nos deu Mamãe Chanel e suas lições. Vivemos num país tropical, cheio de contradições no vestir. No verão vemos muitas aberrações e surpresas. Nos últimos dias, houve um vestido vermelho que deu o que falar aqui em Fortaleza. Era uma posse política. E meu Deus, político veste-se mal, muito mal, e às nossas custas. Talvez a dona do vestido desejasse “abalar Bangu”. Um vestido decotado e uma gola de branca de neve flocada a sustentar o vestido. Cetin ou tafetá talvez. Havia brilhos. Alguém me disse que ela costuma criar seus modelitos. Péssima estilista. Será péssima administradora também? Uma roupa pode dizer muito. E nem vou falar do cabelo que não é minha área. Nessas horas, aconselho as “fashion victim” governantes a gastar uma ínfima quantia da verba do paletó e contratar um “personal stylist”. Se conselho fosse bom, não se dava, se vendia. Mas para a jovem senhora do vestido vermelho eu dou de graça. Um dia já tivemos um relacionamento de aluno x professora. Eu aprendi muitas coisas. Agora acho que posso ensinar a ex-mestre um pouco. E faço no anonimato. Não preciso aparecer por isso. E a vida segue entre vestidos vermelhos e vidrilhos. Menos é mais.