sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Há tempos-do vazio ou não vazio da arte à violência dos atos


“Parece cocaína mas é só tristeza. Talvez tua cidade. Muitos temores nascem do cansaço e da solidão. Descompasso, desperdício, herdeiros são agora da virtude que perdemos...”Lembrei dessa música ao relembrar o dia de ontem. Por duas vezes, vi armas empunhadas, há poucos metros. É cruel pensar que vivemos sob o signo da violência urbana e cotidiana. As manchetes priorizam a animalidade humana. Há muitos anos, quase na Ipiranga com São João, presenciei de camarote, da janela de um hotel, a perseguição pela polícia atrás de um carro. Muitos tiros foram dados. Tenho que acreditar que vivemos o tão falado apocalipse. Dia a dia ele acontece. Mata-se por qualquer razão. Ou melhor, mata-se muito sem nenhuma razão. Um amigo quer fazer um documentário sobre os imigrantes cearenses e pediu para pensar sobre São Paulo. O apóstolo Paulo deve se envergonhar de dar nome à uma das maiores cidades do mundo. Mas nem tudo é o cheiro ruim das marginais, nem a droga que corre solta na burguesia que fede. Há milhares de pessoas tentanto construir seu futuro, num vai-e-vem contínuo. Há calor humano. Há muita arte de peso nos teatros e galerias. Ou não há arte nenhuma numa bienal que destaca o vazio. Tantos vazios. Apesar de tudo, gosto mais de viver aqui do que não viver, apesar dos pesares. “Os sonhos vêm e os sonhos vão e o resto é imperfeito...”.

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