
Acordei cedo. A luz foi surgindo aos poucos. A preguiça foi indo embora. Meu pensamento em azul. Uma sensação de prazer e desejo. Meu nariz não me permitia buscar o cheiro de ontem. Havia apenas copos e pratos sujos . Busquei ouvir Abel Korzeoniwski. Havia a sensação de algo bom, num curto espaço de tempo. Olho na janela e vejo minhas pequenas rosas. Lindas. Lindo. A música cresce e a necessidade de escrever, descrever é latente. Como a música traduz meu espírito nesse momento. Os olhos enchem de lágrimas mas elas não caem há algum tempo. A cama desarrumada. Vivienne Westwood jogada no chão. O som dos violinos transpondo o tempo e o espaço da alma. Por que as pessoas têm tanta dificuldade em falar o que vai dentro do âmago? As coisas boas assim como as ruins marcam consideravelmente nosso espírito. Mas aqui estão as marcas boas de uma noite efêmera. Por um minuto, fecho meus olhos e me transponho apara aquela duna, em forma de pirâmide onde rezei muitas vezes. É a música com seu poder de mudar o tempo e o espaço. Violinos. Nessas horas lamento ter largado as aulas de música. O tempo corre. Estou escravo do tempo hoje. Escravo de mim mesmo. Mas aqueles olhos não me saem da cabeça. Meu sorriso transborda ao lembrar deles. Azuis. Azuis.