quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Suicídios

Ontem me deparei com um pedido que me surpreendeu: parar de escrever meus contos suicidas. Explico. Estou escrevendo uma série de contos que versam sobre suicídios. Não acredito que possa ser um incentivo mas estou pensando no caso. Minha infância foi marcada pela tentativa de suicídio de uma vizinha. Lembre que era criança e fui espiar pela janela a tentativa de salvar uma moça que tinha tomado veneno. Minha mãe quem socorreu. Ela escapou mas nunca mais foi a mesma. Anos depois, morando em Blumenau, aliás, uma das cidades com maiores índices de suicídio do Brasil, me deparei com dois casos. Um dia, no supermercado, e toca o celular. Era a Maria aos prantos. Me contou que sua Luzia tinha chegado em casa e encontrado o filho mais novo enforcado. Foi um choque pra mim, que fui no velório e evitei a todo custo olhar o defunto. Fiz minhas orações e sem querer olhei. Perdi uma noite de sono. Não conseguia dormir. O pensamento que tinham cortado a língua dele para fechar a boca não saía da minha cabeça. Algum tempo depois minha prima pula do décimo andar e voa para a eternidade. Quero deixar bem claro que não defendo o suicídio, ao contrário. Acho de uma extrema fraqueza e covardia. Só quem já viveu num ambiente em que houve um suicídio sabe a ressaca de tristeza que fica no ambiente e o longo tempo que dura isso.
http://ricardoandrebessasocialclub.blogspot.com/

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