quinta-feira, 10 de julho de 2008

Páginas cotidianas-a dama da lotação


Dias desses, pegando o metrô até a São Bento, um garoto cego me chamou atenção. Seu olhar era mágico, pois mantinha os olhos bem arregalados e segurava a mão de seu amigo ou pai. Lembrei-me que tenho três primas cegas, irmãs. Enxergam com os ouvidos melhor que eu. E como somos cegos nessa vida. As vezes não enxergamos o que está embaixo do nosso nariz. O metrô aliás é uma página cotidiana de fatos para vermos as coisas. Outro dia, o carro lotado, uma loura, meio vulgar, roupas vulgares, e um homem de terno e gravata, um tipo italiano, protagonizaram uma cena, em que assisti de camarote, bem na minha frente. Não sei que momento olhei para ambos pois conversava com um amigo, mas quando reparei, o homem encostava de leve no "derriére" da moça. Com o movimento, o balançar tornou-se constante, e a moça deliciava-se com a situação. A dama da lotação. Fiquei observando e meu amigo ao lado também notou o flerte do casal. Beirava quase a imoralidade, como diria uma tia carola de igreja, mas eles, parada após parada, continuaram em sua paquera. Eu e meu amigo começamos a conversar em inglês sobre o fato e demos boas gargalhadas, o que chamou a atenção do casal. O homem afastou-se mas notamos o grau de excitação dele e o desânimo dela. Separaram-se. Notei uma aliança na mão esquerda dele. Ela parecia solteira, sem alianças. Logo ele desceu e nós tambem. A moça continuou. Talvez em busca de um parceiro. Foi a única vez que vi um "quase" ato sexual no metrô. Ou melhor, foi um ato sexual, apenas não tiraram a roupa e transaram ali na nossa frente. Nossa mente já tinha despido-os e tornado-os dois despudorados e tarados. Como nossa mente é fértil.

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