quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Blackout

Ontem, ao acaso, fui assistir a um espetáculo do Centro Nacional de Dança Contemporânea de Angers, na Bienal de Dança. Era um espetáculo disputado, como conferi depois. Mas chegando ao teatro, vi as portas do mesmo se fechando e corri para entrar. Seriam duas sessões de MÚ A. Fiquei ansioso. Apenas 60 espectadores. Eu fui um dos últimos. Sem câmeras, sem celulares, sem medo, tudo escuro. Um breu total. Lembrei-me dos meus tempos de criança no Acre quando a luz ia embora. Éramos 60 espectadores e além da escuridão abissal, havia o calor. E nada de vermos nada, nada, nada. Apenas um violoncelo. Minutos pareciam eternidades. Aos poucos, mas muito pouco, fomos enxergando um vulto branco. O espetáculo nesse ponto já estava me incomodando. A luz, ou melhor, uma réstia dela, foi surgindo e o ballet tornando-se mais claro, mais significativo. No fim, podemos ver a bailarina. Fiquei pensando. Não era algo que despertasse muitos amores mas gostei da loucura. Faz-nos pensar na escuridão que vivemos e nas negras pessoas que somos obrigados a conviver. Sai querendo luz. Encontrei outra fila lá fora. Nem sabia bem o que dizer. Blackout

Um comentário:

Regi disse...

Tive essa impressão nesse último festival de teatro de blumenau, em vários espetáculos. Como a proposta da edição foi algo do tipo "novas concepções". Reclamei de todas, mas foi bom pra abrir a mente... :-D