quarta-feira, 30 de junho de 2010

Azuis


Acordei cedo. A luz foi surgindo aos poucos. A preguiça foi indo embora. Meu pensamento em azul. Uma sensação de prazer e desejo. Meu nariz não me permitia buscar o cheiro de ontem. Havia apenas copos e pratos sujos . Busquei ouvir Abel Korzeoniwski. Havia a sensação de algo bom, num curto espaço de tempo. Olho na janela e vejo minhas pequenas rosas. Lindas. Lindo. A música cresce e a necessidade de escrever, descrever é latente. Como a música traduz meu espírito nesse momento. Os olhos enchem de lágrimas mas elas não caem há algum tempo. A cama desarrumada. Vivienne Westwood jogada no chão. O som dos violinos transpondo o tempo e o espaço da alma. Por que as pessoas têm tanta dificuldade em falar o que vai dentro do âmago? As coisas boas assim como as ruins marcam consideravelmente nosso espírito. Mas aqui estão as marcas boas de uma noite efêmera. Por um minuto, fecho meus olhos e me transponho apara aquela duna, em forma de pirâmide onde rezei muitas vezes. É a música com seu poder de mudar o tempo e o espaço. Violinos. Nessas horas lamento ter largado as aulas de música. O tempo corre. Estou escravo do tempo hoje. Escravo de mim mesmo. Mas aqueles olhos não me saem da cabeça. Meu sorriso transborda ao lembrar deles. Azuis. Azuis.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Felicidade

Meu dia começou cedo. Um pensamento longe me acompanhou. Intrigado com os dias e os homens. Pensei nas carências humanas. Somos fracos, uns mais , outros menos. Mas há uns que fantasiam demais e criam situações inusitadas. De repente, estamos no meio de um filme e nem sabemos como e porque fomos parar lá. Coincidência dos fatos. O dia transcorreu na espera do jogo. Cozinhei. Fui até o apartamento das minhas amigas. Uma dor nas costas. Queria uma massagem. Enquanto o Brasil não marca, eu não vejo o jogo. Apenas ouço. E vieram os gols. E pipoca, coca, brigadeiro, creme de galinha e carinho amigo. Felicidade. Brasil será campeão.

domingo, 27 de junho de 2010

Noites avassladoras


Algumas noites são avassaladoras. Após um café agradável na livraria cultura e de companhia idem, fui para casa. Tudo era solidão. Meu companheiro, um copo e muito gelo. Muitos copos e muitos gelos. Os dias tem sido felinos.Há uma impaciência constante na minha pessoa. Ando querendo matar pessoas, quebrar copos, excitar o meu lado sádico adormecido. Adoro analisar o ser humano. Tenho feito isso quase todos os dias. Isso me excita muito. Representamos cenas diárias do maior espetáculo da terra: a vida. Meia noite, virei a anti-cinderela e estava numa fauna animal. Muitos animais aproximaram-se. Minha palavra é minha arma. Como o ser humano é idiotizado. Às duas da manhã deu meus cinco minutos e ninguém me segurou. Vim caminhando sozinho. Nunca senti medo de nada e ninguém. Olhei a lua. O vento frio batia na minha cara. Vi muitos lázaros dormindo no caminho, enrolados em cobertores fétidos. Havia um jogado ao chão, bêbado talvez, cadeira de roda ao lado. Quantas vidas sem destino. Chegando na minha casa, cruzei com um cristo. Cabelos compridos, barba, sujo, catava o lixo. Em 30 minutos caminhando, vi muitas vidas, a minha vida. Era melhor continuar aquela noite sozinho. A solidão não era a melhor opção, mas dormi feliz.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

GOSTO E DESGOSTO


Essa semana, uma prima que há muitos anos não tinha notícias, disse que eu fui uma criança doce. Fiquei pensando nisso. A vida, o homem, a necessidade de crescer e amar, nos amarga. As vezes somos atores, representamos que está tudo bem, mas por dentro, estamos meio aos trancos e barrancos. Questiono-me muito sobre o sentido da vida e sei que tudo tem sentido, mas enxergar as entrelinhas dessa mesma vida é que nos trai e mostra que temos que crescer fortes e a doçura vai por água abaixo. Ninguém sabe o duro que foi perder a inocência cedo, tentar amadurecer na selva de leões, de pedra. O inverno está chegando e pior que o frio, é o frio no coração dos homens. O ar vai ficar pior nessa cidade e mesmo assim não irei usufruir das praias da minha infância ou dos sertões de Bodocó. Passada uma semana, em que moda mostrou-se uma coisa mais fútil do que tudo, e que vi pessoas que vivem em castelos de vaidades e tendências, sinto-me feliz que tudo passa. É moda. Passa. Somos atores, não somos? Uns com tanto mal gosto. Mas tem gosto e desgosto para tudo. É a vida.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

SOWETO E LENÇÓIS


Ao fim do dia, reflito sobre minha vida, uma vida que poderia ser melhor, se o personagem principal dela fizesse as coisas mais certas. Acordei e fui com um amigo ao breakfast da padaria Bela Paulista. Um Buffet fantástico. Brindamos a Audrey Hepburn e começamos o café tomando frisante. Depois, caminhar na Paulista. Comprei um relógio xing-ling. Antes de chegar em casa, ele já estava atrasando. Não tinha garantia. Riam. Depois, vale do Anhangabaú. Gente feia. Iludidos com o falso brilho de quererem ser o que não são. São. Ilusionistas. Encontrei até “Leide Gaga”. Voltei para casa cinco chopes de vinho depois. Deitei. Telefone não me deixou dormir. Não saí. Fiquei vendo TV, arrumando minha suíte. Assistindo ao globo mar, na Ilha de Lençóis,me emocionei com um abraço poético entre um menino albino que quer ser poeta e a repórter. Eles pescam a noite porque o ministério da saúde não distribui protetor solar. Oh deus, que país é esse em que tantos querem o poder e ninguém faz nada pelos brasileiros esquecidos. Aí vejo a alegria do povo de Soweto com a seleção brasileira. Soweto tem um milhão de esquecidos também. Entre negros sul-africanos e brancos dos Lençóis, termino a noite, vendo que eles são mais felizes que eu.