terça-feira, 16 de setembro de 2008

ENTRE A VIDA E A MORTE

A vida mostra-nos que não estamos preparados para a morte, mesmo sabendo que ela é inevitável. Alguns pensam que essa vida é única e fazem todo tipo de adversidade. Não acredito que tenhamos uma só vida pois seria chamar Deus de burro. Deus não daria uma vida única diante das diferenças sociais mundiais. A crença em muitas vidas perde-se no tempo. Mas há os que acreditam que só viverão uma vez. É um direito delas. Muitos fazem de suas vidas um ocaso. Acreditaria que só existisse uma vida se o mundo fosse diferente, se os líderes fossem diferentes, se os padres e pastores fossem diferentes, se fôssemos realmente irmãos. Diferentes. Entre a vida e a morte, prefiro a morte. Mas no seu momento exato. No seu tempo. Quero chegar lá do outro lado melhor de que quando cheguei aqui. É uma luta diária. A vida em morte é o sonho, a vida em carne é o pesadelo. Lá é o grande mistério. Mistério esperado. Quero ficar sábio antes de ficar velho. Quero ter uma vida assim como uma morte: dignas. Nem uma folha cai sem a vontade do pai. Vou esperar com calma.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Um copo de miséria


Esses dias fui à Fortaleza correndo. Mal vi poucos amigos e tive que voltar. Acordar e olhar o mar, poder respirar um ar não tão saturado, tomar sol as cinco e meia da manhã, foi tudo muito revigorante. Voltar a São Paulo, respirar o oxigênio poluído, quando não respiro o ar infecto do rio Pinheiros. Mas os poucos dias na capital alencarina valeram por muitos. A cidade continua suja e tende a piorar com a aproximação da eleição. Detesto política mas pude ver que será uma campanha de baixo nível, com todos atirando em todas as direções. É o desejo do poder. O diabo deve está muito feliz, enfim, foram muitos homens que penhoraram suas almas. Marcou-me a cena de uma Pietá, uma mãe que segurava seu filho no colo, encostada num poste, em frente da entrada onde dei meu curso. Todos os dias ela estava lá. A situação daquela pobre criatura não mudará tão cedo. É difícil mudar a cabeça de certos filhos de deus, que vendem seu voto por um saco de feijão. Seria melhor passar fome? É cruel. Mas há tantas fomes nesse mundo. No caminho para minhas aulas, vim lendo no trem um artigo de C. Wright Mills. Falava sobre a imaginação sociológica falsa que temos das posições sociais. Fiquei pensando nas relações entre nossa sociedade. Lembrei-me da amiga de minha mãe, que vendo sua empregada abrir a geladeira e pegar água gelada, repreendeu a empregada pois ela não podia beber água mineral, ainda mais gelada, já que na casa dela não havia geladeira nem agua mineral. Miséria humana . Cada dia eu acredito mais em reencarnação pois não é justo acreditar que vive-se somente uma vez em meio a tantas desigualdades. O pensamento humano tem que mudar. O homem tem que mudar. Temos que mudar. Um copo d'água pode valer nossa entrada no céu. Enquanto não desvendamos o paraíso, vamos vivendo.