quinta-feira, 26 de junho de 2008

E viva o Brasil, puta que pariu!


Li a Folha de São Paulo ontem onde Ciro Gomes ataca a prefeita de Fortaleza, chamando Fortaleza de Puteiro. Sou cearense naturalizado, pois estudei e virei gente em Fortaleza, e com muito orgulho. Por acaso fui aluno da Luizianne Lins, atual prefeita de Fortaleza, em quem votei quando era candidata à vereadora, em uma das últimas eleições que votei. Fortaleza é uma cidade maravilhosa, para quem conhece. São Paulo, onde moro atualmente, também é mas depende do ponto do vista. Fortaleza é cheia de putas mas onde não é. E adoro essas mulheres, pela coragem e luta ou pela vida que deixaram se levar. Todas merecem respeito. São Paulo também é cheia de prostitutas. A diferença é que no nordeste as putas são meninas, quase crianças, quando não são crianças mesmo, que dão o que é delas por migalhas à estrangeiros porcos e brasileiros imundos que vão comer as pobres meninas. Pobres menininhas. Passei os ultimos três anos morando em fortaleza. Antes morei quatro anos em Blumenau, um exemplo de administração petista pois é limpa e lavada todo dia, abundam empregos, os puteiros estão por toda a cidade e são chamados de whisquerias, as escolar públicas são maravilhosas e uma vez por mês os ônibus são gratuitos. É tao maravilhosa que tem um dos maiores índices de suicídio do país. Preferi largar Blumenau e voltar anos atrás ao puteiro cearense como diria o infeliz Ciro Gomes. Encontrei a Praia de Iracema, a parte dela que tanto adorava, destruída e tomada por cabarés e putinhas para todos os gostos e desgostos. A violência nem se fala. Mas apesar de tudo, o espírito nordestino ainda vive e supera tudo. Se não superasse a política de roubo e abandono, não existiria nordeste, nem norte. Aliás, para alguns sudestistas(se é assim que se escreve) e sulistas, norte e nordeste é a mesma coisa. Como me irrita quando dizem "povo do norte". Há anos não voto. Ano passado paguei 15 reais de multas por cinco eleiçoes sem justificar e para renovar o passaporte. A prefeita de Fortaleza teve propostas interessantes mas o inferno está cheia delas. O problema não é o PT, ou o partido que seja. Qualquer um que chega ao poder vende sua alma ao diabo, ou o diabo a toma como pagamento de dívida de campanha. Saudades do puteiro de Fortaleza mas coincidentemente, nenhum fortalezence tem saudade da administração de Maria Luíza, a primeira petista a governar uma capital. Saudades das idas à praia do futuro quase todos os dias, de ir ao dragão do mar, das peças dos amigos, da negada (ops Carri, agora não podemos mais dizer isso e sim afrodescendentes). Caminhava entre as putas na beira-mar. Dava boas gargalhadas, ria para não chorar. Meu país não é infeliz como disse um amigo de um amigo meu. Procuro viver da melhor maneira que posso e sou feliz, mesmo longe do Ceará e dos amigos, nessa selva de pedra, onde também sou feliz. Conheço meu país demais pois fui gerado no Acre, nascido no Amazonas, criado no Ceará, passando por Santa Catarina e agora São Paulo. Não quero passaporte europeu. Morei na europa, sei como são infelizes os europeus no seu mundinho egoísta. Os americanos também. E como dizia o Nelson Rodrigues: O Brasileiro é um narciso às avessas pois cospe na própria imagem". O tempo passa. Os políticos passam. O inferno está cheio deles. Eu faço a minha parte. Nada mudará da noite para o dia, seja com PT, PSDB, Dem, o caralho. O que precisa mudar é o pensamento do homem. Eu procuro ajudar quem posso, é o mínimo que posso fazer, no mínimo com palavras. E viva o Brasil, puta que pariu!

Ricardo, um brasileiro.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Silêncio de domingo


Dia de jogo do Brasil pra mim é um saco. Eu não vou perder meu tempo assitindo um jogo. Aliás, perco muito pouco tempo vendo disputas. Prefiro assistir um filme que me fará refletir ou ouvir uma boa música. Ontem, o silêncio provocado pelo jogo Brasil X Paraguai foi sepulcral. A derrota brasileira foi uma delícia. O Paraguai mereceu. E Viva o Paraguai! As ruas ficaram silenciosas e o consumo de bebidas foi mínimo. Não ouvi fogos chatos. Pude usufruir um fim de semana sem igual. Sábado estava com saudade do mar. Então fui levado a passear no Guarujá. Atravessamos de balsa e chegamos a Santos. Voltar 16 anos depois à praia do Ilha Pochat. Lembro que ficava num quebra-mar entre Santos e São Vicente, sonhando com os transatlânticos que passavam. Períodos difíceis e de fome. Fiquei tomando suco de cupuaçu e rindo do passado. Na volta a selva de pedra, parei na casa da Dani e Vinícius, e tomei alguns copos de água.O mundo dá muitas voltas. Foi um túnel do tempo, cheio de recordações. E o melhor, no fim de domingo, o silêncio. Apenas o silêncio. E a chuva. E o frio.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Vermelho e Amarelo


Havia um conjunto de ilhas perdidas nos mares onde vivia uma colônia de pássaros brancos. Esses pássaros passavam a vida a migrar, em busca de alimento, calor e amor.
No meio desses pássaros todos, havia um diferente e vermelho. Vermelho cresceu no meio das diferenças.
Inteligente e determinado, voava sempre muito pois tinha sempre amelhor visão das coisas. Como não fazia questão de misturar-se com osdemais, era meio solitário. Alguns brancos passaram a admirá-lo e desenvolveram muito afeto por ele. A maioria tratava-o diferente mesmo.
Entre os amigos pássaros, havia sempre algum que apaixonava-se e queria estar mais junto do vermelho. Os anos foram passando e nosso pássaro rubro, já cansado da solidão e de voar muito, resolveu estabelecer-se numa ilha. Até aceitou o carinho de um branco. Mas o tempo mostrou que as diferenças eram enormes e eles terminaram por separar os ninhos quando Vermelho conheceu um pássaro lilás. Foi paixão imediata, pois foi a primeira vez que ele apaixonara-se por um pássaro diferente como ele. De imediato, constituíram um ninho. Os outros pássaros brancos não viram com bons olhos esse nicho.
Mas o tempo foi passando e algumas transformações foram acontecendo.
No início, quando a paixão e o amor eram fortes,Vermelho sentia enorme prazer em voar e buscar alimento para o ninho,e aos poucos Lilás foi se acomodando. Passados alguns anos, Vermelho começou a sentir a ausência de Lilás, que passou a ter o hábito de voar de novo e ir conhecer ilhas distantes. Um dia, cansado dos vôosdistantes de Lilás, Vermelho segui-o e viu que ele relacionava-se com outros pássaros, e aquilo foi motivo de muitas discussões domésticas.Uma manhã, quando Lilás anunciou que iria voar a uma ilha nova,Vermelho pediu para Lilás não voltar mais e Lilás partiu, não sem antes destruir todo o ninho que haviam construído. Depenado, Vermelho procurou refazer-se.
Passados alguns meses, Vermelho viu um pássaro novo na ilha:Amarelo.
Amarelo era mais alto e tinha vindo de terras distantes e decidira construir um ninho naquela ilha. Um dia encontraram-se e passaram a voar juntos. Um sentimento surgiu entre eles, mas Amarelo era mais jovem, e as vezes sofria por não saber interpretar os sentimentos.Vermelho passou a gostar profundamente de Amarelo, mesmo que Amarelo não lhe desse tanto carinho como esperava. Amarelo tinha sido diferente também na ilha que nascera. Crescera buscando um pássaro para construir um ninho mas nunca encontrara um que despertasse essa necessidade até conhecer Vermelho.
Amarelo adorava o calor, a inteligência de Vermelho, suas plumas, e até seus amigos. Mas era imaturo. Acostumado a vôos passageiros, ficava provocando os outros pássaros, coisa que Vermelho pedira que nunca fizesse, até odia que fora flagrado por Vermelho a fazer gracinhas inconseqüentes.Profundamente magoado e sentido-se humilhado, Vermelho anunciara que deixaria o ninho. Nessa hora, Amarelo acordou e viu que não conseguiria viver sem Vermelho. Sentiu-se perdido, solitário, mais doque nunca, naquela ilha onde encontrara o amor de Vermelho. Sim, ele descobriu o amor no exato momento em que Vermelho anunciara sua partida e sua dor. Amarelo não suportava causar dor em ninguém, ainda mais naquele pássaro que ele aprendera a amar e tinha desrespeitado o amor tão puro que recebera. Pediu que Vermelho ficasse, mas ele afastou-se. Amarelo, sozinho no ninho, sentiu que era um idiota, que tudo que sempre procurava , tinha já achado, apenas não enxergara isso. E chorou, como nunca tinha chorado. Chorou um oceano de lágrimas.Chorou mais ainda quando viu as lágrimas amargas de Vermelho e a dor que causara. Chorou que quis morrer, para acabar com tudo, mas não tinha coragem pois acreditava que morrer não era a solução.
Não suportava a ausência e falta de calor de Vermelho. Chegou a conclusão que somente cresceria se fosse ao lado de Vermelho, que era mais experiente e que poderia ajudá-lo. Procurou Vermelho, que com muita dor, recebeu Amarelo. Amarelo, entre lágrimas sinceras, pediu perdão a Vermelho. Pediu-lhe não que perdoasse os erros, pois eles seriam necessáriospara lembrar o que não deveria ser feito. Pediu-lhe que o ajudasse acrescer pois Vermelho sabia mais do mundo e por mais que Amarelo tivesse voado em mares distantes e ilhas diversas, não sabia nada.Nada. Que aprendera a amá-lo do tamanho de todas as gotas dos mares eoceanos. Que nunca dissera isso pois não sabia dizer eu te amo e tinha suas limitações. Vermelho tinha sofrido demais quando separara-se de Lilás. Amara quase instantaneamente Amarelo. Ouvindo as palavras deAmarelo, seu coração doera mais ainda. Queria perdoar e dar uma chance mas o medo de ser mais magoado ainda lhe aterrorizara. Amava Amarelo mas a dor e a humilhação que sentia era muito grande. E não sabia oque fazer. Amarelo queria construir outro ninho. Queria não esquecer o ninho passado, mas que ele fosse uma referência que acompanharia a vida dele juntos. Amarelo queria fazer um futuro diferente e não queria um futuro sem Vermelho. Que só pedia a chance de provar, com o tempo e com ações, que amava realmente Vermelho. Vermelho cedeu. Amarelo arrancou sua pena mais bonita e entregou a Vermelho como prova de amor e carinho.
Não foi fácil para ambos mas Amarelo procurou de todas as formas mostrar que amava sinceramente Vermelho. Não só com palavras mas com muitos gestos. E o tempo passou e eles voltaram a construir um ninho.Vermelho deu uma asa a Amarelo e ele pode crescer e tornar-se maduro, voando cada vez mais alto, mas sempre junto de Vermelho. Amarelo tornou-se um pássaro de verdade. Vermelho cresceu mais ainda.Tornaram-se pássaros grandes. E por muitos anos, Vermelho e Amarelo voaram juntos, até que um dia voaram mais alto e acharam o caminho das estrelas e não voltaram mais naquela vida à ilha.

Ricardo AS. Bessa