terça-feira, 27 de maio de 2008

ENTRE O LIVRE PENSAMENTO E A HIPOCRISIA DO “GLAMOR”

Ninguém pode agradar a gregos e troianos. E cada um pensa o que quer. Dizem que vivemos em um país livre. Mas somos ainda tãoo presos a pre-conceitos. Vivemos uma falsa alegria, que, as vezes, só existe porque queremos que ela exista. O brasileiro é um narciso as avessas. É incapaz de se unir por coisas sérias, salvos alguns momentos. O que poderia ser um momento de "clamor", domingo na Parada, passou apenas uma tentativa de glamour, ou como chamarei aqui, de "glamor". É o que penso. Será que ainda posso pensar? Mas o que seria esse glamor? A luta pelo direito de ir e vir? Talvez, mas não foi. Ninguém nem pode sair diferente que já tem alguém apontando o dedo. Ritual dionisíaco? Bem, nunca fui chegado a esses bacanais públicos. Não sou santo, mas quem é? Pedras choverão. Tem muitas coisas que não gosto, mas não vivo na rua apontando: ei, você , és feio! Cada um segue o caminho que escolheu. E muitos caminhos nos levam a solidão, porque esse é o sentimento mas comum que vejo entre os meus e o desconhecido que passa, e que muitas vezes eu paro, para conhecer um mundo que não é o meu. E como saída, muitos buscam o alcool em excesso e drogas. Viver é complicado. Tem dias que a vida é uma droga mesmo mas nem por isso vou cometer suicídio. Alegria pra mim é ir ao teatro e dar boas gargalhadas. Tou virando bicho. Sou bicho-gente. A selva de pedra está me fazendo mal. Mas sobreviverei a ela. E tomarei fanta uva, entre homens de bem e homens do mal.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

ENTRE LIBERDADE E LIBERTINAGEM


Domingo foi a 12ª parada do orgulho gay em São Paulo. Uma parada mesmo. O jornal noticiou que foram 5 milhões de pessoas. Brasileiro tem mania de exagerar. Não achei nem a metade disso mas tudo bem. Gente tinha demais sim. Me senti meio em marte. Qual o sentido do evento? Protestar, lutar, defender, diversão? O que vi foi muita bebedeira e libertinagem em plena avenida paulista. Vi muitas drags, umas pobres de jó, outras brilhando como o sol. Lá pelas tantas, fiquei pensando na falsa alegria e vida desses transformistas. A maioria ganha a vida na prostituição. Vida nada fácil. Poucos tem profissões definidas e estão bem empregados. Muitos vivem a fantasia de serem o que não são. Tantos homens e mulheres que deformam seus corpos, quando já não tem suas mentes deformadas de serem o que nunca na totalidade serão. Fico pensando nos carmas que cada indivíduo arranja pra si. Vi entre muitos que pediram passagem, uma "camioneira" numa cadeira de rodas. Não é preconceito não mas que carma aquela mulher-homem não carrega: feia, paraplégica, negra, lésbica e grossa. Me deu pena. Um evento que se diz o maior do mundo poderia ser melhor organizado. Nem um grande show tivemos. Quando passou o último carro, que mais parecia uma combi elétrica, me virei para o lado e perguntei: é só isso? Era. Vi todos os carros passando. Tomei duas fanta uva. Milhares de litros de silicone. Ainda bem que não me cansei muito. No fim, fomos beber um café na esquina da Oscar Freire com Hadocc Lobo. O dia terminara e a liberdade ficou no meu pensamento. Liberdade de que? A constituição diz que somos livres para ir e vir. Ainda bem. E cada um faz o que quer. Aleluia.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

OS HOMENS TAMBÉM CHORAM

Tem dias que acordamos e a cama pesa tanto. Geralmente, são dias quando acordamos mais cedo e temos que correr. Todas as terças são assim para mim. Correr para o metrô e depois, pegar o trem. O pior de tudo é ficar esperando o ferroviário e ficar sentindo o desagradável odor que o tietê exala, já que a estação fica nas margens deste famoso rio. Na melhor das hipóteses, eu não pego um trem lotado. Cheio sempre está. Ontem cheguei cansado. A Wil não tinha embarcado para New York e tive a carona amiga. Sempre discutimos sobre nossos amores no caminho. Mas cheguei e me joguei na cama. Ai, espiei a tv e tava passando "Mr. Holland, adorável professor", um filme que adoro e que toda vida eu choro no fim. Todo professor se emociona. E como chorei. Dizem que homem que é homem não chora. Não chora pouco porque, quando chora, sai de perto. Eu choro fácil. Sou um homem de muitos choros mas fui incapaz de chorar quando meu pai morreu. Nunca. Mas homens chorando, as vezes, é um saco.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

METADE DA VIDA


Acho que cheguei na metade da vida. Quando vejo o tempo para trás, tão efêmero, fico pensando nas transformações que o mundo passou e que eu vivi. Poucas mas algumas significativas. Lembro da morte de Chico Mendes, da queda do muro de Berlim, da eleições presidenciais, de algumas novelas, de Cazuza,Renato Russo e Cássia Eller, da insanidade de 11 de setembro. Melhor parar. Aos trinta e poucos anos, nossa percepção do mundo é diferente dos vinte e poucos. Começamos a vislumbrar a maturidade que deverá chegar aos quarenta. Há tanto o que aprender, e se possível, ensinar. Ontem, acordei cedo, e peguei caminho da faculdade. Peguei o terceiro trem que passou. Os anteriores, lotados. Entrei em um para não chegar atrasado e fiquei igual sardinha. Uma hora virei o rosto para o lado e uma moça chorava. Queria poder ajudá-la mas era um choro no meio de sardinhas. Ela desceu e nem pude acompanhar seu caminho com o olhar. Minha avó está morrendo. Oitenta e poucos anos de luta. Minha mãe está indo para seu lado. Serão dias tristes para minha família. Uma vontade de chorar me acompanha. Seria bom que deus a levasse logo. A alma é imortal. Estou cercado de pessoas que amo e que são importantes. A vida fica menos dura com essas pessoas. Amanhã é outro dia.